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TOROU POR DENTRO
Sobre a atual situação política e financeira do país..
PDF 915
Quando um time de futebol ganha um jogo, é porque o time era bom. Quando perde a culpa é do treinador, que não soube apoiar e afinar a equipe. Por outras vezes a culpa foi do juiz. Quando um governo vai bem (coisa rara), é um bom político, com ótimos secretários. Quando vai mal a culpa é do eleitor. A culpa é do eleitor que escolheu mal seus dirigentes, este é o grande argumento apontado para justificar uma má administração dos municípios, dos estados e do país.
É muito fácil criticar o eleitor, que é um sujeito anônimo com um voto secreto, colocado em uma urna eletrônica, sem a confiança do povo, de que os votos são computados criteriosamente. E a sociedade precisa aguardar quatro anos para tentar uma nova escolha. Tentar um candidato que pode dar certo.
No governo federal já tentou-se um caçador de marajás, um sociólogo, uma mulher e um trabalhador do ramo siderúrgico. E nada dá certo, os avanços sempre são postergados. Talvez na Copa ou talvez nas Olimpíadas. E ainda faltam grandes eventos mundiais, para o Brasil chegar no topo.
Mas e os fiscais e auditores públicos? E aqueles que são contratados para fiscalizar? Os nobres funcionários reconhecidos e respeitados pelo povo. Construíram uma imagem de sujeitos honestos com seus ternos e gravatas, com mesa individual em repartições públicas. Normalmente são chamados de doutores. Saem nas ruas com carros especiais onde se lê: PODER PÚBLICO e USO EXCLUSIVO EM SERVIÇO. Com um brasão colocado no vidro, ganham preferências e livre acesso em estacionamentos e em ações policiais nas ruas e nas estradas.
Anos e anos fiscais e auditores, contratados, concursados, e autorizados pelo governo, estiveram empenhados na fiscalização dos ganhos e recolhimentos do contribuinte. Como pessoa física ou jurídica, eles estavam no encalço. Fiscalizam o povo mas não fiscalizam os gastos do seu patrão. Foram omissos e coniventes. Não lhes interessava saber a origem do dinheiro, de um governo que não trabalha. Vive a custa de percentuais chamados de taxas e impostos, retirados do contribuinte.
E como diz o nordestino, “toro dentro”. Quando algo quebra por dentro a situação é bem mais complicada. Como uma chave que quebra dentro da fechadura, não dá para fazer um arranjo e é preciso chamar o chaveiro. Quando quebra o pitoco do liga e desliga, não dá para consertar por fora, é preciso abrir o aparelho. E o governo torou por dentro. É por dentro que acontecem as quebras por falhas e por falcatruas, a má administração..
Fiscais do governo trabalham em uma casa suja para manter as ruas limpas e asseadas. Criam mordomias para o rei, com sacrifício do povo. Trabalharam com objetivo de arrecadar e servir ao povo. Transformar impostos e taxas arrecadadas em benefícios para o povo: saúde, educação, trabalho e mobilidade urbana.
E aqui agora lembramos os antigos piratas e corsários, ao observar nos dias de hoje assaltantes e fiscais no serviço público. Uns trabalham para o governo enquanto os outros trabalham por conta própria.
A culpa não é do povo, a culpa é daqueles que dizem trabalhar para o povo.
RN, 18/04/2017
Roberto Cardoso Maracajá
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